A reciclagem se inicia na conscientização sobre o consumo e a produção, partindo do princípio da necessidade urgente de diminuir a produção e extinguir o mal manejo do lixo. A coleta seletiva é o primeiro passo para o aproveitamento do potencial mecânico, energético e químico de resíduos que seriam lançados no meio ambiente.

No Brasil, nas últimas décadas, houve o desenvolvimento de vários artifícios pelo Estado e pela população para amenizar os impactos ambientais provocados pelos resíduos, como: a Política Nacional do Meio Ambiente, as resoluções do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, as ações de intervenção do IBAMA –  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, bem como campanhas de conscientização, partidas da esfera pública e privada. Apesar de toda essa articulação, ainda há muito o que melhorar, pois nosso país é um dos que mais produz lixo e menos recicla no mundo, apenas 2,1% do resíduo coletado é reciclado em nosso território, segundo dados de 2019 do Diagnóstico de Manejo De Resíduos Sólido Urbanos.

No entanto, em meio aos baixos índices de recuperação de materiais pós consumo, temos um ótimo motivo para nos orgulharmos, a nossa centelha de esperança sustentável, expressada na reciclagem de latinhas. Segundo os dados do governo federal e da ABAL – Associação Brasileira Do Alumínio, entre 2019 e 2021, o índice de reciclagem de latas de alumínio chegou a 99% no Brasil, evidenciando o comprometimento da indústria e do comércio brasileiro com a reciclagem e fortificando a liderança brasileira no ranking mundial de beneficiamento de alumínio.

Em termos práticos, esses números indicam que a dinâmica consumo – reciclagem de latinha no Brasil se tornou tão ativa e orgânica a ponto de não ser mais necessário a extração de bauxita (matéria-prima do alumínio) em alta escala, desse modo, diminuindo significativamente a degradação ambiental pela mineração e pela produção de lixo.

Porque se recicla tanta latinha no Brasil?

 1. Rentabilidade no comércio de latas pós uso.

Devido ao importante valor comercial, a reciclagem de alumínio gera uma cadeia de empregos, formais e informais, desde os catadores que recolhem o material nas ruas, passando pelos compradores de sucatas e chegando até à indústria.

As associações de catadores e cooperativas desempenham papéis importantes no processo, disponibilizando ferramentas, espaço e crédito, viabilizando a organização e operacionalização no manuseio das latinhas.

 2. O ciclo rápido e infinito da reciclagem do alumínio.

Diferentemente do papel e do plástico, a produção de novas latinhas a partir da mesma matéria-prima, compromete muito pouco a qualidade original do material, podendo repetir o ciclo industrial inúmeras vezes.

Além da preservação da qualidade do material, o ciclo é breve, podendo ocorrer em até 30 dias, ou seja, dentro de um mês é possível consumirmos alguma bebida mais de uma vez utilizando a “mesma” lata.

Além desses dois principais motivos, outros aspectos também contribuem para impulsionar o ciclo do alumínio: a alta disponibilidade, a economia de água na exploração de bauxita e a diminuição na produção de gases de efeito estufa na fabricação de novas latas.

Diante o exposto, nota-se que o sucesso do modelo de logística reversa utilizado na reciclagem do alumínio não pode se limitar apenas a um tipo de substância, é necessário estudarmos os agentes e as condições que proporcionaram o êxito desse tipo de economia circular e expandir para o beneficiamento de demais materiais, fomentando a coleta seletiva e consequentemente, a valorização dos resíduos.

Aqui na Marca Ambiental a Ecoindústria responsável por este resíduo é a RECICLA, a mesma realiza o recebimento, segregação, triagem e enfardamento das latinhas de alumínio, que assim retornam para o ciclo produtivo como matéria-prima na produção de novas latinhas.

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Referências:

  • ABAL –  Associação Brasileira do Alumínio.
  • Brasil. Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Saneamento – SNS. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos – 2019. Brasília: SNS/MDR, 2020. 244 p. : il.
  • BRASIL, Lei N° 12.305 de 02 de agosto de 2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
  • MARASCIULO, Marília. Por que o Brasil ainda recicla tão pouco (e produz tanto lixo)?, 2020. Disponível em:https://aesbe.org.br/novo/por-que-o-brasil-ainda-recicla-tao-pouco-e-produz-tanto-lixo/. Acesso em