A gestão do lixo no Brasil passou a ter uma maior importância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que entrou em vigor em agosto de 2010. Entre outros pontos, ela estabelece a erradicação dos lixões, além de enfatizar a importância da disposição final adequada dos resíduos.
Ainda que a PNRS incentive a redução, reutilização e a reciclagem dos resíduos, sabe-se que é infactível a ideia de rejeito zero, pois o lixo é fruto da atividade humana e sua produção é constante. Atualmente, a tecnologia viável para o fim da vida de inúmeros materiais é o aterro sanitário.
Panorama de resíduos sólidos urbanos no Brasil
Segundo o Panorama da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), de 2017, no Brasil são gerados diariamente 214.868 toneladas de resíduos sólidos urbanos, e deste montante 40,9% ainda são despejados em locais inadequados que não possuem sistemas e medidas necessárias para a proteção do meio ambiente e saúde.
Alcançar a totalidade de disposição final adequada para os resíduos é um desafio que demanda aumento de áreas disponíveis e economicamente viáveis para seu recebimento, que, em contrapartida, tornam-se cada vez mais escassas. Este cenário conduz a necessidade de uma maior capacidade de carga e otimização dos aterros já em operação.
As técnicas de implantação e operação de aterros sanitários se baseiam em princípios de engenharia, envolvendo desde a escolha de um local apropriado, seguido de sistemas de construção que cumpram requisitos legais e práticas de confinamento dos resíduos à menor área possível, reduzindo-os ao menor volume permissível. Entender como o aterro se comporta durante toda sua vida útil, é de enorme relevância, dada a importância e a segurança que essas obras exigem.
Monitoramento de aterros sanitários
O monitoramento de aterros sanitários configura-se como uma atividade obrigatória em que, a partir da obtenção de parâmetros geotécnicos, analisa-se o comportamento mecânico do aterro e sua estabilidade. Os monitoramentos geotécnicos devem ser periódicos e contemplar:
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O acompanhamento da velocidade e direção dos deslocamentos verticais e horizontais do maciço, utilizando marcos superficiais;
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O monitoramento do nível de líquidos e pressões dos gases dentro do aterro, com auxílio de piezômetros;
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O controle da compactação dos resíduos aterrados, por meio do acompanhamento das pesagens e do registro topográfico da frente de operação;
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Inspeções técnicas em campo para verificação visual de possíveis problemas nos sistemas drenagem, cobertura e outros;
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O acompanhamento de dados pluviométricos e de vazão de líquidos lixiviados, por meio de pluviômetro e medidor de vazão;
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Cálculo do fator de segurança de estabilidade dos taludes por meio de simulações matemáticas.
Resultados obtidos com o monitoramento
Os resultados obtidos com o monitoramento possibilitam identificar, em tempo hábil, as alterações no comportamento previsto do maciço sanitário, fomentando a adoção de medidas proativas e evitando acidentes de qualquer natureza que comprometam a integridade estrutural das células dos aterros.