O ser humano, cada vez mais, procura terceirizar sua culpa do que assumir suas responsabilidades, e, normalmente, nessas situações, o grande responsável é a própria pessoa. Por exemplo: a bebida ingerida que causou o acidente, a falta de tempo que é a responsável por furar fila, o político que é o único que gera caos no país, o canudo que polui os oceanos, a falta de lixeira na rua que faz jogar o lixo no chão, entre vários outros exemplos. Ocorre que as pessoas preferem se isentar de sua responsabilidade e se contentam em enxergar o que é mais fácil. Segundo Bastiat, economista e jornalista francês, procurar algo simples e superficial como justificativa é o que se vê, e ir além até realmente encontrar o motivo real é o que não se vê.
A proibição do uso do canudo de plástico reflete muito bem como as pessoas transferem a responsabilidade de suas ações. Neste caso, se não for responsabilidade das pessoas, como se explica a existência dos canudos no mar? Da mesma forma que o canudo chegou até ao mar, será que sacolas, embalagens e objetos de plástico, restos de comida, frascos de remédio e outros também não poderão poluir os mares? Se a resposta for afirmativa, já que esses materiais são os causadores da poluição nos mares, será que a solução, assim como no caso do canudo, é a proibição? Olhando de forma rasa e superficial, parece ser a solução, o que, segundo Bastiat, é o que se vê. Indo mais além, descobriremos que o que não se vê é a falta de conscientização das pessoas que não descartam corretamente seus resíduos nos locais adequados. Nos locais em que o canudo foi proibido, houve um aumento no uso de outros objetos de plástico, demonstrando que o caminho não é a proibição.
Esses e vários outros exemplos mostram que vivemos sob o amparo da omissão individual. Estamos em um momento em que a responsabilidade individual se tornou um valor raríssimo em nossa sociedade, pois coletivizamos a responsabilidade que deveríamos assumir individualmente. O economista Hayek dizia que, quando o curso da civilização toma um rumo inesperado ou quando, ao invés do progresso contínuo que nos habituamos a esperar, vemo-nos ameaçados por males que associamos à barbárie do passado, naturalmente, atribuímos a culpa a tudo, exceto a nós mesmos. Se não assumirmos nossa responsabilidade de forma individual, é difícil esperar que a sociedade tenha um rumo diferente.