A taxa Selic, criada em 1999, tem sido reduzida gradativamente desde outubro de 2016, quando era 14,25% a.a., até chegar em seu menor patamar da história, 4,25% a.a. em fevereiro de 2020. Em cada anúncio, as palavras COPOM, Banco Central, investimentos e crédito bancário acompanham as falas e textos, mas nem sempre são traduzidas de forma que todos possam entender os impactos na vida dos brasileiros. Afinal, o que a redução da taxa Selic pode provocar?
Esclarecendo os nomes, Banco Central é a instituição responsável pelo Sistema Financeiro Nacional. A cada 45 dias, seu presidente e diretores formam o Comitê de Política Monetária (COPOM), para definir qual será a taxa básica de juros do país – a taxa Selic. Ela influencia todas as demais taxas de juros e, de forma direta ou indireta, afeta a vida das pessoas e empresas.
A taxa Selic é utilizada, por exemplo, para determinar o rendimento de aplicações financeiras em poupança, e serve como referência para remunerar diversos investimentos de renda fixa. Quando falamos, então, que a taxa Selic reduziu drasticamente ao longo dos últimos anos, também significa que, para aqueles que aplicam suas reservas na poupança ou em renda fixa, os rendimentos estão menores.
Esse novo cenário no Brasil tem levado as pessoas a migrarem seus investimentos para opções de maior risco, como fundos de renda variável, fundos mistos – chamados de multimercado – ou até mesmo diretamente no mercado de ações. Não é coincidência o crescimento das corretoras de valores, principal canal de acesso aos investimentos. O resultado positivo: aumento da concorrência entre as instituições e melhores condições para quem decide aplicar no mercado financeiro, independentemente do valor.
Do outro lado, temos os impactos provocados no mercado de crédito e na vida daqueles que, ao invés de investir, precisam pegar dinheiro emprestado. Praticamente todas as instituições financeiras decidem quanto irão cobrar observando a taxa Selic. Isto quer dizer que, de maneira geral, os juros, para quem precisa de dinheiro, tendem a reduzir.
Para as pessoas físicas, essa redução ainda é lenta pois, com a alta inadimplência, as transações continuam sendo consideradas de alto risco. Nesse caso, os ganhos têm surgido com a entrada de novos concorrentes no setor bancário, principalmente pelas fintechs (empresas de tecnologia voltadas ao mercado financeiro), que têm acelerado não só a redução das taxas de juros e tarifas, mas também a oferta de serviços diferenciados. Já para as empresas, é possível encontrar opções mais baratas do que anos atrás. Com esse custo reduzido, os negócios existentes e os novos projetos se tornam mais rentáveis, trazendo empregos, geração de renda e crescimento econômico para o país.