Todos os dias de nossas vidas nós consumimos algo, desde itens básicos para a sobrevivência, como água e alimentos, até os produtos mais complexos como componentes eletroeletrônicos, que perdem vida útil dia após dia. Diante dessa atividade de consumo, é natural que parte desses produtos não nos sirvam ou se tornem inúteis ao longo do tempo. Daí surge o conceito de lixo, ou como preferimos denominar hoje, resíduos. Tudo aquilo inerente da atividade humana que é considerado por tal sem utilidade, material que deve ser “jogado fora”.
Segundo a legislação vigente no Brasil, quando compramos e consumimos, assumimos parte da responsabilidade sobre o produto e os resíduos que ele venha a gerar. Porém na prática, os indivíduos mais conscientes da população, os que jogam seus resíduos nas lixeiras, não sabem responder uma simples pergunta sobre para onde vai o próprio lixo. A dita responsabilidade, hoje, se esvai a partir do momento que o “jogamos fora”.
Diante desse cenário, não é difícil imaginar como está a gestão dos resíduos no Brasil, com aproximadamente 40% de todos os resíduos sólidos urbanos coletados, sendo destinados em lixões a céu aberto, segundo os dados do último levantamento da ABRELPE. Percebemos a gravidade do problema quando notamos que arrecadamos da população o equivalente aos gastos da Copa do Mundo de 2014, todos os anos, para realizar essa gestão ineficiente.
Mudança de comportamento quanto aos resíduos
A mudança de pensamento é fundamental para alcançarmos padrões mais sustentáveis, altos índices de reciclagem e erradicação de lixões. O conceito de responsabilidade individual deve chegar às nossas vidas e essa é uma ótima oportunidade para isso. A cada dia o gerador do resíduo deve ter mais consciência sobre a destinação, e assim, escolher para onde vai o seu lixo. Cada produto consumido é um filho colocado no mundo e quem responde por isso são os “pais”. Em um ambiente onde cada um toma conta do que gera, a gestão se torna muito mais simples.
Isso pode parecer mais um fardo no campo das responsabilidades (e provavelmente é), porém, muitas oportunidades podem surgir. Como por exemplo, a clara noção de que fazermos a separação é vantajoso, além da economia com o reaproveitamento e não geração. Há também produtos que podemos obter por meio da transformação de materiais, como os compostos orgânicos. Pense no lixo como uma oportunidade ao alcance de todos.
Por Claudio Teixeira Paixão sócio-proprietário da empresa Vila Recicla, Graduando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo.